domingo, agosto 28, 2005

Das Profundezas do Silêncio

Bem, to postando essa poesia. É bem recente. Um amigo meu me ajudou com a métrica na hora de corrigir, mas eu acho que no fim ficou legalzinha.
Foi feito num daqueles momentos: você se sente tão só que, a tristeza chega no estágio máximo, e você se acomoda tão absurdamente, que parece que mais nada vai conseguir lhe ferir.

Das Profundezas do Silêncio

De onde terá vindo tudo isso que existe?
Se não da minha mente, faminta de sonhos...
Mesmo assim, não sei, é um sonho tão triste,
vazio, preenchido por mortos e estranhos.

Viver: martírio, sem sentido, nauseante.
Tão vazio que apodrece facilmente...
Sem sentido, é tão inerte a casa instante
E sozinho... sigo a vida, tristemente.

Eu tenho de naufragar na solidão
E pensar - algo perdi enquanto fui.
Meu tempo foi-se num enorme vagão.
"Nada existe." Minha história se dilui...

Sonho... nem ele consegue ser perfeito
Desejo vão de alguma felicidade.
E os anseios? Ser feliz é meu direito!
...Não sei o que é. Sou preso à fatalidade.

O detalhe, deste acaso que me cerca,
Traz a curiosidade, preenche-me totalmente.
Por isso não desisto, por mais que eu perca;
...Mas nada mantêm-se íntegro eternamente.

Imutável é o óbvio, mas nada o é.
Todo ser: abismo, completo de nada,
E a dor: refúgio da verdade e da fé:
...Sofrer é ter a consciência despertada.

Minha mente é um labirinto tortuoso,
dominado por um monstro: é a verdade.
...Não há razão, já não sou esperançoso.
Vivo num abismo... Viva, a fatalidade!

Anderson Gomes Bastos