quinta-feira, dezembro 14, 2006

Teoria Holística Da Libertação

Cada um escreve sua história?
Eu nasci e já havia um sistema. Haviam também regras pré-estabelecidas quais nunca me questionaram se eu concordava ou não.
Imagino que o mundo seja de todos, mas inventaram algo chamado propriedade, e só uma minoria é detentora dela. Inventaram o dinheiro também. Existe muito dinheiro, assim como a propriedade, mas os possuidores são a mesma minoria.
Eu chamo as pessoas para luta, faço minha parte como indignado. Mas simplesmente as pessoas não vão! É um absurdo. Com toda essa injustiça estampada por aí elas acabam se conformando. Muito facilmente por sinal.
Esse é mais um texto qual eu questiono, critico e ninguém dará importância.
O que fazer num mundo onde a perfeição é impossível e a injustiça é eminente?
Seria muito simples se as coisas fossem divididas e, ao invés das pessoas se conformarem com o pouco que têm atualmente, elas se conformariam com o bastante que todos teriam.
A sociedade perfeita é aquela que as pessoas se respeitam pelo simples fato delas porem a individualidade e a liberdade do outro em questão antes de agirem.
Muito diferente disso, temos um grande quadro que se expande e é pintado com sangue. A opressão e a luta a favor da manutenção da minoria que possui a maioria das coisas. As leis agem a favor de poucos. As leis se aplicam a poucos...
Me vejo sozinho nesse mar revolto de banalidades que se transformaram em normalidade aos olhos dos inocentes reprimidos. Vão todos obedecendo e se conformando com a esmola que lhes dão.
Fico imaginando o que se passa na cabeça das pessoas. Eu, a todo momento, estou pensando na minha contribuição holística, pensando no que faço para mudar e tentando não me inserir na maioria que se conforma e passa a discutir assuntos quais eu considero menos importante.
Em épocas passadas existiram pessoas que criticaram tudo. Morreram e não viram mudança alguma. De fato, as mudanças não aconteceram, mas essas pessoas acabaram sendo reconhecidas de certa forma. Eu não ligo pra ser reconhecido, claro que não. Não é meu ego que está em jogo. É o bem estar mundial. É a liberdade que se mantém aprisionada pelo egoísmo dos seres humanos.
Será que eu nasci no planeta errado? Na época errada eu acho que não, já que sempre existiram opressores e oprimidos. Talvez nascer em outra época só fizesse eu encurtar meus dias.
De qualquer maneira, estaria vivendo mais intensamente. Antigamente os todos-poderosos não tinham tanto o controle da situação. A televisão não existia e o povo, teoricamente, tinha mais tempo para refletir, ao invés de ficar fritando o cérebro em frente a novela das 8.
Viver intensamente. Como é possível isso se tudo está impregnado de um pouco do que eu repulso? Eu tenho ojeriza à atual constituição mundial. Ao conformismo das pessoas e à falta de interesse.
Do jeito que as coisas vão, quando eu tiver meus 65 anos e estiver prestes a morrer, vou ver que valeu tão pouco a pena. As coisas estão piorando exponencialmente. As próprias pessoas se convencem que devem obedecer a absurdos. Não têm consciência de que são livres e que o que lhes controla são apenas uns pedaços de papel com escritos e carimbos. Que são um monte de gordos fracos, que só fazem comer e encher-se de dinheiro.
Quando se fará o levante? Quando os oprimidos se rebelarão e subverterão a ordem, em prol de uma sociedade mais igualitária?
Se pra que isso fosse possível só fosse necessário que eu visitasse cada casinha humilde deste mundo, eu faria sem a menor hesitação. Largaria tudo em prol disso.
Não que eu esteja me dando por vencido antes de ir à luta, mas pelo pouco que tenho feito aqui, já sei até como se finalizará meu possível ato. Tirando o fato de que muitas pessoas sequer entendem o que significa liberdade (até porque existem várias interpretações), muitas sequer concordariam que estão sendo sacaneadas. Outras seriam egoístas e diriam que isso não é problema delas. Diriam também que não se importam muito com isso. Viriam os preguiçosos falando que isso dá muito trabalho. E por fim, os conformados que diriam que as coisas têm que ser assim mesmo.
E por fim, eu na minha cadeirinha de balanço, 65 anos de idade, fumando um cachimbo e com lágrima nos olhos. “Será que valeu mesmo a pena tentar convencer esse bando de infelizes que está tudo errado?”
Não pretendo dar uma de conformista agora, mas lidar com pessoas é complicado. E, como era de se esperar, cada dia que passa eu me decepciono mais com a humanidade. Acabo voltando-me para mim mesmo e insurjo em prol da minha própria liberdade.
A arte de desobedecer, serve pra mim como um conforto. Porque mesmo que todo esse rebanho de oprimidos não se dêem conta de que eles são inertes e propiciam a hereditariedade do sistema, eu me dou ao luxo de me confortar por fazer algo que eu realmente acredito.
Se os mais fortes sobrevivem, veremos então quem é que leva o prêmio no final. Força tem a ver com perseverança e não com conformismo. Por mais que a cegueira generalizada impossibilite uma melhora, eu me responsabilizo por libertar pelo menos uma pessoa neste mundo. Nem que esse alguém seja eu mesmo.
Se nada der certo, o que eu posso esperar mesmo e ser abduzido por algum ser evoluído. Já que as pessoas estão tão presas a isso aqui, eu não farei tanta falta assim.

Anderson Gomes Bastos