sábado, dezembro 13, 2008

Assuntos acadêmicos (só?)

Algo torna a universidade um dos piores lugares qual mantenho relações com pessoas. Em certos momentos uma fantasia estranha mascara isso, e eu repentinamente esqueço o mar de podridão qual eu estou nadando.

Uma coisa boa, fora a absurda fonte de conhecimento, é a capacidade de conhecer pessoas, perspectivas diferentes, idéias novas, tudo que se relaciona com certo engrandecimento do ser e de certa forma, algum amadurecimento.

No entanto, tenho me deparado nestes últimos dois semestres com uma dolorosa constatação do óbvio. Há uma guerra ridícula sendo travada aqui. Não há vencedores, nunca haverá. A única intenção deste joguinho ridículo é a maximização do ego, o sentir-se superior e uma vantajosa dose de egoísmo que vai sendo jogado no ventilador e cada um acaba absorvendo uma fração desta condensada merda.

Os alunos vivem num mundo estranho. A maioria acredita e defende que a universidade é um local onde nos comportamos como soldados. Seu único dever é estudar e mostrar para a sociedade quanto você vale. No caso, pra você valer algo que preste, você deve ter como cifra, pelo menos, um sete. A maioria dos que, por muitos motivos não alcançam esta 'meta' já são pré-rotulados como desleixados, burros, desinteressados, indecisos e uma infinidade de adjetivos, que de longe se percebe que nada têm de positivo.

Fora a questão da nota final em si, tem outros fatores como faltas e prazos. Eu sou muito suspeito pra falar sobre esse assunto, mas minha experiência de vida até agora me fez perceber que algumas coisas são baboseiras absurdas. Prazos e faltas tem pelo menos um pé nisso. Lembro que eu cobrava um amigo meu intensamente sobre isso. Ele nunca fazia os trabalhos em tempo hábil, raramente estudava para as provas entre outros fatores. Ainda assim, eu considerava ele como alguém muito inteligente (o que em na realidade não tem absolutamente nada a ver). O tempo fez eu acabar percebendo que eu estava sendo implicante demais, mas eu achava ele o máximo do desleixo ainda assim. Não demorou muito e ele morreu. A tragédia me fez refletir que porra de cobrança era aquela que todos faziam com ele. Tudo é muito efêmero, existem coisas que numa reflexão mais global não fazem o menor sentido.

No caso das faltas e prazos, eu tenho meu jeito de viver com isso. Por exemplo, eu me sinto muito mais a vontade estudando o assunto em casa do que ficando 4 horas olhando pra alguém explicando algo que eu mesmo posso aprender. Isso foi desde sempre. Eu não consigo me concentrar muito tempo nas aulas, logo começo olhar pra os lados, pra o relógio, e aquele ambiente se torna insuportável. Não é sempre, depende do professor e do assunto (até porque eu participo muito, as vezes até enche o saco), mas certo momento eu acabo me levantando, vou dar uma volta, bebo minha água, faço minhas necessidades fisiológicas e volto.

No entanto, essa conduta minha é meio que geral. Até certo ponto é plausível para a maioria, só que eu , no caso, acabo, para as outras pessoas, exagerando. Não é isso. É maneira pela qual meu ensino-aprendizagem flui. Eu não posso negar o que eu sou e, não posso mais ainda, fingir ser algo que de longe combina com meu jeito de vida. Eu odeio formalidades.

Quer me dar falta, me dê, agora me ouça. É o grande problema aqui. Ou melhor, são. Pouco se ouve, e os que ouvem possuem um problema seríssimo em se colocar no lugar dos outros, talvez por comodismo, convicção ou quem sabe, uma terrível conclusão de que sua maneira de enxergar a conduta das pessoas é a mais plausível, coerente, justa e ética. Como se não bastasse o sistema de notas, no qual meu valor é dado por números, eu tenho ainda que aturar uma cota de presenças de 75%, onde um número menor que isso significa que eu não sou um ser humano apto a ser aprovado em tal disciplina.

'Mas professor, eu já lhe disse. Eu fui bem honesto com você. Eu poderia ter invetado mil desculpas e dito que eu simplesmente fiquei doente. Poderia ter forjado laudos e atestados. Eu simplesmente disse o que aconteceu. Passei por uma cirurgia, tive problema de horário com sua disciplina em relação ao meu trabalho, tive que dar prioridade ao concurso durante um mês e ontem tive que viajar pra realizar o sonho de outras pessoas'

O discurso esmaece no vácuo. Um monólogo prossegue. A figura burocrática autoritária a frente usa os termos 'seu futuro', 'suas escolhas', 'suas prioridades' num tom de verdade absoluta e intencionalidade de culpa. Os argumentos para ele apresentados nada valeram, e 'suas desculpas' foi a forma como ele se referia aos mesmos. Num tom conciliador disse que não tinha intenção de dar nenhuma 'lição de moral' e que o dito aluno deveria 'rever o que estava fazendo com sua história na universidade'. Algumas conseqüências desagradáveis fizeram-no pedir desculpas ao 'mestre' e dizer o 'muito obrigado' mais falso de toda sua vida. A cabeça baixa passa pelo corredor a frente e um sentimento bizarro de fracasso preenche-o completamente.

A universidade é um tremendo fracasso justamente por causa da burocracia e outras coisas. É lógico que muitas pessoas sequer estudam, muito pouco aprendem e realmente não levam a vida em si a sério. Mas observe, tratar a instituição a mãos-de-ferro é a atitude das mais ignorantes. Primeiro porque se desconsidera a sinergia e a dialética, nem todos aprendem e e ensinam da mesma forma, ninguém é igual ao outro, cada ser humano é repleto de particularidades intensas e incomparáveis, pois são teias imensas que não se separam em essência. Como então impor um regime ridículo, movido por pseudos-boas-intenções? Pois em verdade a única finalidade desta merda maior ainda é suprir o mercado de trabalho e formar uma horda de mercado de reserva para os patrões.

E os imbecis entram nas salas, assistem as aulas como se estivessem fazendo a coisas mais certa e justa do mundo. Assistem por obrigação e não por vontade interior. Você pode pensar 'está dizendo isso porque não é você o professor!'. Balela! Eu serei, se tudo der certo, e eu, desde a primeira vez que comecei a dar aula (estágios e outras coisas mais) falei o óbvio. 'Assista minha aula se quiser, se não quiser pode assinar a lista de presença e sair. A única coisa que eu quero dos que ficarem aqui é respeito.'

Esperava mais disto aqui. O tempo passa e a única convicção que eu começo a construir é que eu estou cada vez mais interiorizando valores que não são meus. As vezes acabo para uma aula sem propósito algum pela onda dos outros. As vezes porque é a única coisa a se fazer no dia. Não sei, pode parecer boçalidade, mas eu não troco minhas horas de estudo sozinho por praticamente nenhum professor duas ou quatro vezes na semana numa sala repleta de seres egoístas qual eu não tenho absolutamente nada em comum a não ser o curso e o local onde estou.

Ainda assim, minhas notas vão bem obrigado. O que, incrivelmente não diz nada pra mim. Já passei com 9 em uma disciplina que não aprendi absolutamente nada, e já fui pra final de uma que acredito saber mais do que alguém que passou direto (o que me deixou indiscritivelmente puto!).

Julgar, não julgar, dar valores errados, pré-conceitos e egoísmo estão todos no mesmo barco. O professor não se coloca na pele do aluno, que tem que trabalhar e estudar um bocado. Que não tem a comodidade de um carro pra ir e vir e gastar menos horas no seu dia. Que ainda, não tem empregada em casa e tem que se virar com a comida. Que pode ainda morar sozinho, e seu emprego não é uma escolha e sim, sua única opção. Ainda, desconhece e muitas vezes sequer fica curioso com o motivo da conduta do aluno.

'...não faltei porque quis desta vez. O sonho de outras pessoas dependiam de mim e eu tive que abdicar da aula ontem em prol disso'. A história foi a de um homem que nasceu pra música e também a faculdade o oprimiu. Uma seleção num festival deixou ele entre os 18 colocados de 100. Ele a banda não puderam ir por causa de provas, seminários e aulas de reposição para disciplinas quais se poderia perder por falta...

Ele, todo coração, saiu sozinho pra rodoviária, com um violão e foi se apresentar como solo. Foi para as finais. Todos deram um jeito de ir, e, eu não poderia ser o único a pensar só em mim. Talvez não fosse um egoísmo ter ficado, no entanto, acredito que teria sido um individualismo ruim.

Quando converso com alguém sobre isso. Sobre as faltas, as decisões, a minha maneira de enxergar a realidade eu sou muito crédulo do que digo e sinto. Cada ação que eu faço vale a pena. Cada coisa que eu faço vai refletir no meu futuro de uma maneira que eu sequer sei. Pode ser algo bom, pode ser algo ruim, mas eu quero que seja sempre algo que não me faça ser algo que eu abomino. Não quero ser mais um que bate continência, que é repleto de dogmas e preconceitos, que aceita o prato posto como se tudo fosse muito lindo e muito correto. Não! Está tudo errado sim e eu não vou ser mais mais um a dizer 'não se pode fazer mais nada'.

Desde criança que me dizem que eu iria mudar meu jeito de pensar. Não quero virar meus pais, ou os pais dos outros. 'Apesar de tudo, tudo que vivemos ainda somos os mesmos?' Amadureço, endureço, a ternura sempre perto, mas, jamais, conformado. As conseqüências eu aceito. Minha dignidade, meu eu, o que eu tenho de mais precioso que é a maneira como eu vivo e julgo a vida, trocada por uma comodidade ridícula numa inexistente igualdade é a coisa mais idiota que eu poderia fazer.

O tempo há de passar. Acredito que o mundo não vai durar o suficiente pra eu ser velho o quanto espero, ou que possivelmente morrerei jovem por algum motivo desconhecido. Mas ainda assim acredito que no fundo no fundo, que sejam 10 ou 1 ano, eu vivi do jeito que havia de viver. Não tiro uma vírgula do meu passado. Nenhuma. O que disse, e o que fiz me tornaram quem eu sou hoje e eu estou muito satisfeito (mas não completo). O que fizeram comigo, principalmente as piores coisas, são, pra mim hoje, o meu maior legado. Nos momentos de mais dificuldade eu amadureci e passei a dar valor a coisas que são em essência importantes pra mim. Então, você, não venha me dizer como se vive a vida e nem quantos títulos acadêmicos você tem. Cada um vive a vida da maneira que conseguir, e, até você se colocar no lugar do outro, pra mim, você não passa de algo menos importante do que a menor merda que possa existir neste planeta.

sábado, setembro 20, 2008

Entendendo-se o maior imbecil do mundo em duas horas



Você já imaginou que muitas coisas neste mundo são falsas? Você já imaginou que muitas coisas falsas são planejadas?
Observe. Há dois textos atrás eu criticava a bíblia, por inumeráveis absurdos. Hoje descobri que jesus cristo sequer existiu. Isso soa incisivo pra você? Bem, eu posso falar por mim, pois já estou na linhagem agnóstica há alguns anos. Mas, esperando que você ao menos veja o filme (zeitgeist), a história de jesus é exatamente a mesma história de outros deuses (coisa que eu já tinha ouvido falar antes mas não dei a atenção devida). A história é o horóscopo. O Deus que vem todas as manhãs. O sol. O sol e suas 12 casas. Os meses.
O detalhe maior é que Hórus nasceus 3 MIL ANOS ANTES de Jesus Cristo. Um plagio que só não foi apagado por causa dos hieroglifos egípcios e outras histórias idênticas.
Hórus nasceu dia 25 de dezembro, seguido por 3 reis, apontados por uma estrela brilhante. Foi crucificado. 3 dias depois ressucitou. Eu disse Hórus.
Se isso soar absurdo e conspiratório. Se prepare pra o pior. ISSO É SÓ A PONTA DE UM ICEBERG BRUTAL.
Eu seria incapaz de escrever um texto melhor do que esse filme que penosamente acabei de assistir. Você nunca vai ver ele na sua banca de dvd e jamais verá passar em televisão alguma. Daqui há alguns anos provavelmente haverá censura na internet (já existe em alguns paises) e você terá perdido a oportunidade de saber QUÃO LONGE DO COCÔ DO CAVALO DO BANDIDO você está. É LONGE PRA CARALHO, ACREDITE.

Depois dessa, vou descansar por alguns meses, eu acho. De forma alguma esse mundo pertence a maneira qual eu pretendo viver. Gosto de música, gosto de sossego, gosto de pessoas. No entanto, de uma forma incomparável, eu gosto de liberdade. E ser livre é algo que atualmente eu estou tentando alcançar.
No entanto, nada disso aqui é real. Absolutamente nada. O mundo é uma farsa.

O escrito abaixo é igualzinho a algo que pensei desde os 15 anos e não mudou muito. Caímos aqui para uma pequena viagem, e esquecemos um pouco da viagem, em detrimento de diversos e perversos costumes sociais.

"A vida é como uma viagem num carrossel. E quando lá vais pensa que é irreal por causa do poder das nossas mentes. A viagem sobe e desce anda às voltas, tem emoções fortes, brilhantes e coloridas. Há muito barulho e é divertido por um bocado. Alguns já andaram nessa viagem há algum tempo e começam a colocar questões: Será isto real? Ou é apenas uma viagem?
As outras pessoas lembram-se, viram-se pra nós e dizem: Ei, não se preocupem, não tenham medo. Isto é só uma voltinha.
E matamos essas pessoas.
- Calem-no! Eu investi imenso nesta viagem, calem-no!
Olhem para minha cara de chatedo. Olhem para minha conta bancária e a minha família, isto tem que ser real...
É só uma voltinha.
Mas matamos sempre aquelas boas pessoas que tentam nos dizer isso, já repararam?
E deixamo-nos entregar à bicharada...
Mas não importa, porque é só uma viagem e podemos altera-la sempre que quisermos.
É apenas uma escolha.
Nenhum esforço, nenhum trabalho, nenhum emprego, nenhuma poupança de dinheiro. Apenas uma escolha agora mesmo. Entre medo e amor.
Bill Hichs"

terça-feira, setembro 02, 2008

Humilhação


Terça-feira, dia de branco. Dia do cidadão trabalhar. Um trabalho ímpar, lecionar num cursinho do governo. Do governo? Sim, um cursinho público. Publico alvo? Pessoas que tiveram educação regular na escola pública.

Há alguns meses, esse esforçado trabalhador vem preparando suas aulas. Conciliando faculdade, namorada, animais de estimação e, logicamente, seu trabalho feliz em sala de aula.

A vontade de integrar uma escola, não exatamente um cursinho, veio da coerente idéia de que a educação é uma boa via reparadora, ou atenuante, da desigualdade social. Pensa ele também, que não é exatamente otimismo ou esperança do mundo que se instala nesta idéia, mas sim, satisfação de tentar fazer algo bom pelo mundo, ou o máximo que o mundo lhe dá oportunidade de fazer.

Trabalhar em cursinho é complicado, no sentido de mudar alguma realidade. Simplesmente faze-los passar no vestibular e inclui-los no cerne do sistema, onde as informações começam a fazer sentido, ou não, e a nata 'intelectual', habita (em tese), a universidade, para satisfazer as espectativas do governo e modificar estatísticas não dizem absolutamente nada.

Ou seja, nosso querido professor está numa situação complicada desde o início. Outro atenuante é o fato dos alunos serem majoritariamente de difícil relação. Alguns simplesmente sentam-se de costas pra ele, ficam em pé conversando, gritam, correm, deixam seus celulares gritarem a cada cinco minutos, quando não atendem o mesmo e só faltam mencionar que estão na aula do 'otário' do professor de língua estrangeira.

Mas tudo se acerta, o tempo passa e as pessoas começam a tomar conta do seu papel e das coisas que fazem. As salas começam a ficar mais vazias, e o silencio e a compreensão começa a surgir. De alguma forma, pensa ele, seu esforço para criar um ambiente pelo menos coerente começa a, sutilmente fazer efeito. O único problema insolucionavel é o grande barulho externo modulado por um forro inexistente. Um peido do lado de fora atrapalha, mas ainda assim se leva.

O tempo passa. Algumas semanas preparando um simulado, um final de semana inteiro corrigindo-o, e um stress começa a surgir. Alguma satisfação começa a aparecer também, pois apesar do baixo rendimento, muitas notas foram favoráveis às espectativas.

Terça feira, seu dia de cansaço, 4 aulas a noite, 2 turmas, barulho e sono juntos. Depois de uma batalha nórdica na primeira turma, segue ele, impávido, confiante no seu trabalho e na melhora que pode proporcionar àqueles desafortunados, num país onde a mobilidade social é complicadíssima pelas vias lícitas.

Ao entrar na sala, os alunos que não querem assistir vão saindo a prestação. Mesmo com o pedido dele para que saiam os que quiserem, para ajudarem os que querem permanecer, pouco a pouco, a cada 5 minutos alguém levanta e resolve sair. O professor apenas estava corrigindo o simulado com os alunos que o fizeram.

Uma gritaria infernal atrapalha-o a traduzir aquele primeiro texto. Ele, com alguma pressa foi ao lado de fora e se deparou com três pessoas deitadas do lado da porta:

- Os senhores poderiam fazer silencio, estão atrapalhando...

- Atrapalhando como? Estamos quietos.

- Se estivessem eu não estaria aqui...

Voltou, e continuou a ler. Minutos depois, uma música começa a tocar do lado de fora. O que era? Um celular moderno, daqueles que se pode baixar música, tem infravermelho e até espaço para muitas mp3 têm.

- Pelo amor de Deus hein? Vão lá pra frente. Saiam dai, tá impossível ler esse texto.

- O que professor, estamos aqui sentados só.

- Estão e o celular sou eu quem to ligando pra você pra que toque né? Por favor, saiam...

Eis que um homem (eram um homem e duas meninas) fala:

- Pra eu sair você vai ter que pedir com educação...

- Então senhor, por favor saia daqui porque você está atrapalhando consideravelmente.

- Quero saber se você é homem de me tirar daqui.

- Tio, me de seu nome aí então por favor. Vai me ameaçar agora é? Você está errado filho...

- Meu nome? Meu nome é VÁ TOMAR NO CU.

***

A noite corre. Em casa, uma dor de cabeça animal. Uma tristeza incomparável a qualquer outro dia lecionando. Esperança de um mundo melhor? Esperança de mudança vinda de mim? O exército de um homem só? Nada disso existe. Eu não faço o que faço pra provar nada pra ninguém, nem muito menos pra ser economicamente estável. Eu tento fazer o meu melhor, tento ser uma força contrária a esse lixo que se tornou a modernidade. Sou melhor que meu aluno? Logicamente que não.

Tomarei no cu sim, tomamos todos, a cada dia que passa. A cada dia que acordamos e seguimos o mesmo caminho de sempre, sendo mais um que nasce, mas um que se desenvolve numa sociedade com caminhos predefinidos, e morrem, em jazigos previamente comprados. Até nosso epitáfio é predefinido. No meu, podem escrever "Tomou no cu" ou "É tudo culpa do sistema". Pouco importa. Agora independente do escrito, eu posso te dizer, se eu for assassinado por algum aluno insatisfeito, que eu simplesmente não me arrependo de algum dia ter me motivado a mudar o mundo. De algum dia ter tido consciência de que humildade, felicidade e desapego são essenciais.

Ninguém carrega o mundo nas costas, da mesma forma que ninguém é melhor que o outro. É muito diferente viver o mundo, ou passar por ele. Dançar conforme a música. Se estiver de passagem apenas, abaixe a cabeça e encoste a bunda na parede. Até a próxima, se houver.

"Todos estes que estão aí
Atravancando o meu caminho
Eles passarão
E eu passarinho...."
Mario Quintana

segunda-feira, agosto 18, 2008

Punição eterna




- Isso que você está falando é um pecado!!! - disse a senhora, depois de turbulentos 60 minutos de conversa, recheados de réplicas.

Tudo começou porque meu gato estava no telhado dela. Um amigo meu estava bêbado e quis pega-lo. Ela começou a dizer que odiava gatos e tudo mais. Quando comecei a ensaiar um "não mate meu gato", ela disse que só não dava chumbinho porque não o vendiam na rua.

Até aí foi tudo normal, e até previsível. Uma senhora simpática, apesar de aparentar ser um pouco 'cri-cri'. Logo ela perguntou-me algo, que apesar de bem simples, viria com uma resposta não muito amistosa, mas eu preferi ser um pouco moderado, até porque ela é minha vizinha. "Você frequenta que igreja?"

De imediato veio um turbilhão de pensamentos em minha cabeça. A pergunta soava como um 'todo mundo DEVE frequentar uma igreja', que logo foi sendo substituida por um 'todo mundo DEVE ser servo de deus para que não sofra a punição eterna'. Eu poderia ser um arrogante e dizer tudo que penso num único parágrafo, mas fui sucinto no:

- Já fui batista e adventista, mas hoje em dia estou conformado com minha situação.

- Então você se desviou dos caminhos de deus? Tenho seis filhos, até são pastores da adventista, todos bem de vida. Olhe pra você, seus pais lhe dão tudo, você estuda, você deveria ser mais generoso com deus e servi-lo. Às sextas feiras...

- A questão é que o mesmo motivo que me levou a igreja me afastou dela. Eu não concordo com algumas coisas da biblia - e pensando; pra não falar do posicionamento de deus em relação a existência, pelo menos a que eu entendi - então eu acho que eu não conseguiria levar uma vida religiosa, se é que a senhora me entende. Tenho lido alguns livros que apontam para uma outra visão do cristianismo...

- Não concorda? Lógico, a bíblia foi escrita por homens inspirados em Deus, mas que outro livro seria mais verdadeiro que a biblia? Você pode ver, eu moro sozinha aqui, eu e Deus, nunca me faltou nada.

- Mas observe a senhora. Que é que eu tenho a ver com adão e eva terem pecado? Uma menina na rua me disse que eles pecaram e por isso eu era um pecador, então por isso eu deveria servir a Deus, porque ele deu seu filho para que os pecados fossem perdoados. Isso é um pouco malígno, não? - pensando; o que seria o mesmo que dizer que o filho de um criminoso, é um criminoso, e que se ele não assumir os (crimes)'pecados' e ser um escravo da justiça, qual deve arrebatar outros criminosos, ele deve ser condenado a prisão perpétua, quizá à morte.

- Mas meu filho, não se pode dizer uma coisa dessa. Deus é tão bom. Eu vejo em você uma pessoa boa, pegou gatinhos na rua pra cuidar, você é bom. Só precisa de mais deus em sua vida. Porque saiu dos caminhos de Deus?

- Foi o que eu disse pra senhora, eu não concordo com a procedência do julgamento de Deus. Não estou dizendo que sou maior que ninguém, mas algumas coisas não são cabíveis. A punição eterna, por exemplo. Não importe quão bom a pessoa seja, se ela não estiver nos caminhos de Deus, deve queimar no inferno infinitamente...

- Meu filho, isso que você está dizendo é um pecado...

- A questão, minha senhora, é que eu gosto de questionar as coisas, e, ao meu ver, eu jamais poderia conviver com algo, tendo em questão essas pendências - pensando; servir a Deus por medo seria o cúmulo da falta de reflexão. - E pensando bem, o mundo da gente está jeito que está porque as pessoas se esquecem de questionar o que acontece ao seu redor.

- Meu filho, questionar, com gente como a gente, de carne, é uma coisa, é certo. Agora questionar O Pai, que é Espirito Santo, isso sim é um pecado...

- Bem, eu vou ter que ir aqui, o gato está miando um bocado, como a senhora ja deve ter percebido...

- Tudo bem meu filho, depois pode passar aqui que a gente conversa mais...

- Está certo, e por favor não mate meu gato...

- Pode deixar...

***

Religião não se discute? Opa opa. Tudo se discute. Lembro-me há muito tempo, quando disse que aceitava Jesus como meu Deus e meu salvador e das coisas boas que isso me proporcionou. O tempo e a pouquíssima maturidade que tenho, aos 21 anos de idade, que na época, quando saí da igreja eram apenas 13/14, me levaram a imaginar que a existência e a eterninade, com um Deus punidor ao extremo, não me convém.

Eu vim reparar nisso quando uma pastora falou sobre o Titanic, logo depois que o filme foi lançado. Aquela frase que o cara fala no filme 'Nem Deus pode afundar este navio'. Eu no meu máximo de cegueira disse 'BEM FEITO'. Mas que absurdo louco é esse? Estamos falando de 1,517 pessoas que morreram do nada, em teoria, porque alguém 'blasfemou'. Soa um pouco injusto não? Se não soa, imagine o seguinte. Você tem três filhos lindos, seu marido está vindo da Inglaterra para os EUA, e todos morrem congelados no meio do caminho. Seu Deus misericordioso que fez isso.

"Não é bem assim". Ok, obra da natureza, um iceberg que estava no meio do caminho, e blábláblá. Sim, quem fez a natureza?

Quem fez adão e eva e permitiu que eles pecassem? Se eu fosse fazer um filme, baseado na gênesis, eu pensaria que Deus era um ancião barbudo, daqueles que acha que sempre está certo. Depois de algum tempo cansou de ficar só e construiu uns bonequinhos para dar mais movimento a tudo. Depois disso entregou ao mundo eles, como se fossem mais uns animais no meio da selva (o que somos em verdade). Do nada, os trovões começam a rasgar o céu e ele aparece na cena do crime. Adão e eva fazendo alguma coisa que ele disse que não era pra fazer. O tal fruto proibido, que certamente não era uma maçã nem uma banana.

Seria o fruto o questionamento? Pra eu ir pro inferno e ficar o resto da eternidade lá com alguma justificativa, só desta forma. Se Deus criou o homem e a mulher, e sabia, por ser ONItudo, que eles fariam alguma besteira, porque não deu uma segunda chance, ou não educou?

'Deu-lhe este preceito: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente.” '(Gênesis 2,16).

Morrerás uma ova. Mentir também não é pecado? Pois então, a serpente levou toda culpa, por ter convencido Eva, que levou de brinde a dor do parto e a menstruação...

'Disse também à mulher: Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores, teus desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio.”
E disse em seguida ao homem: “Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa.
Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida.
Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra.
Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar.”(Gênesis 3,16-18) '

Quanta misericórdia. Por fim, meu último argumento e justificador. Quem criou a serpente? Responda você. Não sou intolerante, só sou claramente questionador, e se tem algo que não concordo é a crença pela crença, a crença pelo medo, a crença pela convenção e principalmente, a crença pela ignorância.

Não é porque eu não sei absolutamente nada do que se passa além do planeta Terra, que eu vou ser um servo d'um Deus que puniu meus antepassados por um deslize previsível. Não estou querendo, como disse a senhora que conversei, 'me igualar a Deus'. Não é isso. Mas se existe um, digamos assim, 'regente universal onisciente e onipresente', essa tal história de pecado original e punição eterna não soa nem um pouco harmonioso. E se por acaso a existência não for harmoniosa, temos uma bagunça por aqui, cuidado.

***

- Você tem que arrebatar almas da sua minha família para Deus, já que por um tempo foi você o unico servo fiel - A senhora disse, e eu vim refletindo. Me falaram que o diabo quer minha alma. Deus quer também. De alguma forma parece que existe uma disputa eterna nisso. Se o diabo é tão maligno assim, porque não manda-lo pra outro mundo? Liquida-lo? Acho que pode existir nisso também algo relacionado ao perdão. Ou então, porque, Deus não divide o trono? Eles estão brigando a tanto tempo que deveriam dar trégua. É tudo culpa do diabo? Porque ele não vai pra o fogo eterno, ao invés dos infelizes que já estão por aqui.

Sei não... essa história de se conformar com o que tá escrito na bíblia e dizer que aquilo é a verdade absoluta, não me cheira muito bem. O inferno é aqui... deveria ter dito isso a ela...

sexta-feira, abril 25, 2008

ALIENS


Olá. Meu nome é A., tenho 20 anos e curso Ciências Biológicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Pensei em escrever algo sobre como os estudantes são apáticos em relação a situação da Universidade e quão absurdo foi o não comparecimento dos mesmos num ato há três dias atrás no meu campus.

Me ocorre agora que a maioria deles estão apressados e não darão importância ao que quero dizer. Uma parte é egoísta o suficiente para ler e se manter imutável, ou até, de justificar com o velho ‘isso não vai dar em nada’.

Em seguida eu acabo pensando sobre a pequena Jequié, onde a política ainda é movida a desvios monstros de verbas, compra de votos e campanhas movidas a não-merenda escolar. Nada foi feito por aqui e a população sustenta a unhas e dentes o velho argumento conformista.

Imagino que existam pouquíssimas pessoas burras neste mundo. A maioria ou é egoísta, ingênua ou é escrota mesmo. Não me preocupo mais em saber quando foi que a aceitação e o comodismo dogmático virou regra, mas eu sinto que isso é absurdo e eu devo desabafar aqui.

Nem a UESB, nem a Bahia, nem a América do Sul está em bom estado. E olhe que não somos africanos. Mas da mesma forma, andam montando no lombo da gente nos últimos séculos. Sacanearam seus avós, seus pais e você é o próximo. E você é o próximo a se ajoelhar e reverenciar?

Não é o julgamento das pessoas que está em questão aqui. Só que se você é mais um que vai pra casa e dorme achando que tudo está ótimo, me desculpe mas a culpa é sua. Entretanto, diferentemente do conformista, eu não vou cruzar os braços e dizer que nada vai mudar porque a maioria das pessoas ou acha que ta tudo bem, ou se contenta com o mais ou menos. Eu ainda acredito nas pessoas, algumas...

Apesar de ajudar, você não precisa saber de onde veio o sistema nem o que é o sistema. Não precisa entender as leis de mercado, o banco mundial, e a hegemonia dos EUA. Não interessa de onde eu vim, qual é o meu nome, que curso eu faço, onde eu moro e pra onde quero ir. O mundo está ficando cada dia pior e você vai ficar sentado esperando alguma bomba explodir tudo por aí?

Todos vamos morrer um dia, e realmente não sei qual é o sentido disso aqui. De porque me colocaram num mundo tão apático e vergonhoso. Não estou me vangloriando, longe disso, também estou carregando a culpa nas costas. Só que ir pra casa satisfeito, isso não dá.

Quem quer que seja você, seja qual for sua história de vida, com sofrimentos ou euforias demais. Cheia de dinheiro no bolso, bem casada, bem vestida, bem acompanhada, se diga a verdade, não minta para você e diga que você anda tentado melhorar alguma coisa nesse planeta. Não que você tenha que carregar todas as dores do mundo, mas se você sustenta o sistema e não tem consciência disso, meu deus!, comece a pensar nisso.

Se tudo sempre esteve ruim e o povo sempre existiu, por que diabos que o povo não mudou essa maluquice toda? Será que eles estavam estudando para serem mais um que montam no lombo dos outros? Ou será que sempre foram mais um preguiçoso que só reclamava e nada fazia?

Não falo de revolução alguma aqui, não estou bradando ‘Vamos para as ruas fazer alguma coisa’, é a imobilidade que me incomoda. A imobilidade dessas cabeças cheias de fórmulas, métodos, carros e roupas. Cabeças movias a cifras$ e músicas com duas frases. A cabeça dos alienados. E é isso que a maioria das pessoas são, Aliens. Porque se você não se preocupa com a saúde e bem estar do seu planeta e seus habitantes, me desculpa, mas você não deveria estar aqui.

Até a próxima.

terça-feira, abril 22, 2008

A vida que temos não vale ser cantada


Crítica
Colligere

Composição: Rodrigo Ponce

Onde buscarei paixão para conceber novas idéias?
De que inferno trarei palavras com algum calor?
Um mar de cinismo engoliu meu chão e encheu as ruas de
entulho.
Mas nossas fragéis construções caíram com o primeiro
vento.
Se esta música deve expressar uma vida diferente
É porque a vida que temos não vale ser cantada!
O que você procura aqui?
Somente na imagem, a felicidade. Só na palavra, a
verdade.
Se toda idéia responde a uma vontade de viver, por que
não viver?
Matar a fome. Destruir a idéia. matar a fome. Minha
promessa de felicidade.
O dinheiro não me livrou dos remédios. As idéias não
me dão certezas. Minha fé não me livrou do medo.
Onde buscarei paixão para conceber novas idéias? De
que inferno, trarei palavras com algum calor?

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Lição de casa.


Estou aqui mais uma vez sem saber como começar e indo pra lugar algum. Agoniado estressado, P. da Vida. Não gosto da forma como a vida se desmancha (e deslancha) na minha frente. Algumas coisas parecem conspiratórias e, apesar de eu estar relativamente bem hoje em dia, uma coisa nunca mudou. As coisas geralmente não dão certo.

Na verdade, meu grande problema, a vida toda foi com as pessoas. O que não é uma descoberta tão incrível assim, e mesmo sendo tão óbvia, eu ainda mereço o nobel. Claro. Todos os problemas podem acabar rapidinho pra mim se eles não estiverem por perto, no caso, as pessoas.

Já vivi muitos anos relativamente sozinho. Já fugi de casa inúmeras, já fugi de pessoas e situações. Creia que, em todas essas vezes, pelo menos na maioria, deu certo quando eu estava relativamente longe. Só não foi melhor, porque as pessoas continuaram existindo e algum dia o universo conspiraria para que ambos estivessem praticamente no mesmo lugar no espaço.

Outra conclusão óbvia seria matar todos ou boa parte. Mas, eu sou da paz, e ainda não descobri a minha vocação para o homi/genocídio. Se bem que algumas vezes eu já desejei muito mal a alguém, algumas não me arrependo até hoje, mas eu imagino que não seja um sentimento bom para se ter dentro de si. Mas não se preocupe, não falarei sobre o cabeça branca.

É bem fácil correr de alguém, eu por sinal, sou um ótimo fugitivo. Mas cara, correr atrás de alguém é algo extremamente chato. Principalmente quando você precisa desse alguém. Qualquer que seja o motivo, é muito chato velho. São inúmeras situações que conseguem me tirar do sério. Pior quando você começa a construir teorias na cabeça pelo fato de você não conseguir falar com a pessoa ou não receber a atenção devida.

Meus últimos dias têm sido exatamente assim. O que você imaginaria se você tentasse ligar para uma pessoa X e ela não atendesse o dia todo, e quando você pedisse pra alguém ligar, ela conseguisse falar de primeira com esse mesmo X? Pois bem, isso aconteceu umas duas vezes já.

Incrivelmente, eu recuperei a capacidade de acreditar um pouco mais nas pessoas, e ainda estou dando ao tempo a possibilidade de me fazer pensar que eu não estou sendo enganado.

Sendo que, este não é o único fator, mas, de qualquer maneira, depender de outra pessoa é uma merda. Se você já trabalha, paga suas contas e no fim do mês não está devendo a ninguém, parabéns. Na verdade, eu acho que neste mundinho medíocre aqui, esse aí é uma das questões básicas a serem resolvidas.

De tanta semi-complexidade, eu acabo por ficar comparando a forma como vivemos com The Sims. Sim, o joguinho (só que o jogo é mais fácil). Imagine. Temos uma cidade, com vizinhos, cada um fazendo alguma coisa. Todos tentando subir na vida para comprar a televisão que proporciona mais diversão > > > > >, a geladeira que enche mais a barriga, a banheira que promove mais conforto > > > > > e higiene > > > > > >. Tudo isso, pra no fim a energia ser consumida na velocidade que os seus simoleons saem do bolso.

Agora uma coisa que em The Sims é perceptivelmente complicado, como na vida real, é fazer amigos. Eu só tive saco para fazer 11 amigos uma vez, quando investi numa carreira de jogador de futebol, e felizmente, quando eu fosse um Superstar (ultimo nível de promoção) eu não precisaria mais me preocupar com as amizades.

Isso de ficar correndo atrás das pessoas não é comigo, nem no virtual nem no mundo real. Se pudesse, moraria sim, numa tribo bem distante daqui onde só precisasse me preocupar em acordar para caçar, regar a horta e proteger os habitantes. Vida simples porra. Simples e atualmente impossível já que não conheço nenhuma aldeia que recrute homens da cidade por qualquer motivo.

Eu sou adepto da teoria de que o mundo é algo extremamente humilde, extremamente. E nós, na capacidade de imbecis que se acham superdotados resolvemos complicar tudo. Observe a super clareza universal em um parágrafo.

Cabe todo mundo no mundo, certo? Todos os seres vivos. Sobra espaço até. Tem comida pra todo mundo, sabia? Ou melhor, tem comida de sobra. Ou pior, tem tanta comida de sobra que a produção excede e muito no consumo (sem contar com o pouquinho que você joga fora depois do almoço).

Mas acredite que, se todo mundo tivesse comida e lugar pra morar, não estaria tudo resolvido. E eu, na situação de que dependo de outras pessoas para melhorar o mundo um pouco, me sinto frustrado por não ver uma saída para tudo isso. As pessoas além de bastante egoístas, não têm consciência de uma coisa tão simples, que da raiva quando encontro algum intolerante por aí. Quer ser alguém melhor? Só precisa fazer duas coisas. Pare e pense.

Com calma, serenidade, e um pouco de reflexão (e auto reflexão) tudo se ajeita. Outro dia desses fiquei tão triste com a falta de capacidade das pessoas em conseguirem refletir um pouco, nem que seja pra entender meu ponto de vista. É uma merda.

Tinha postado um texto, pela primeira vez no mídia independente. Não imaginava que análises de conjuntura não seria apagados. Mas bem, ?seja a mídia? acabou funcionando comigo e, sem nenhuma repressão o artigo ainda esta lá.

Bem, os comentários começaram a aparecer. O texto se chamava ?Vou te ajudar a deixar de ser imbecil !?, e eu, sinceramente, me declarei para humanidade ali. Uma profunda compaixão, por trás das palavras ásperas e da agonia. Um simples ?Iai velho, tudo bem? Ta uma merda aqui né? Vamos conversar??. Tão simples, era só um debate sobre pequenas ações e responsabilidades.

Parafraseando homem aranha, grandes poderes, grandes responsabilidades. E acredite, existir é um poder e tanto. Você é praticamente deus. Segundo os hindus, cada pessoa é um deus. Eu sou quase adepto desta teoria, mas neste caso, basta ter em mente de que você, e somente você é responsável por seus atos.

Falar sobre isso é tão óbvio para mim, entretanto aceito opniões controversas. O que, é algo também claro, e, simples de ser resolvido.

Voltando ao texto no mídia independente, alguns comentários confirmaram meu texto, e é por eles que escrevo agora, apesar de não serem maioria. É tão possível a compreensão entre duas pessoas, por mais diferentes que ela sejam. E a merda toda é quando a intolerância está completamente inserida na relação. Pode não parecer ter sentido, mas o meu graças a deus, quando ACM se foi, veio daí.

Velho, o cara simplesmente tem consciência (acredito que ele tivesse neurônios suficientes para isso) de que ele era um cara mau. Penso que alguém que manda matar outras pessoas, coage, ameaça, bate entre outros delitos, deve no mínimo refletir, mesmo que com uma sensação amarga de vitória, de que aquilo não é exatamente legal.

Tirando a loucura que se passa pela minha cabeça, ou melhor, pela cabeça de boa parte dos baianos (que sou), de que ELE além de um bom homem, corretíssimo, santo e feliz, dava a vida pela Bahia e que tudo eram flores com ele, a maioria esmagadora consegue não discutir sobre ele e seus atos civilizada e reflexivamente. Alguns já começam com ?política e religião não se discute?, ou ?é tudo mentira e inveja?, entre milhares de outros discursos vazios (ele trouxe a ford, ele fez isso, aquilo outro e pêpêpê).

Sem discutir sobre ele, mas discutindo os discursos, você consegue entender porque que um cidadão de direita consegue incrivelmente não conversar com um de direita? Respondo pra você, ou melhor, já respondi. Pare e pense.

Eu, atualmente, considero um crime alguém ser de direita, mas aceito a condição. Converso e tudo mais, não discrimino, mas tento conversar sempre, além de aprender, posso estar errado.

Agora, crime mesmo, é você defender algo que você não sabe. Como a maior parte de metade dos baianos, que não fazem idéia de quem seja Toninho malvadeza, mas venderam sua crença por uma cesta básica ou um asfalto na rua.

Acredito que você é inteligente o suficiente pra saber que asfaltar, dar moradia e capacidade para uma população conseguir um sustento para se alimentar é terminantemente obrigação de quem dirige a nação, estado ou município. Daí, não discutirei sobre os feitos ou não dele.

(Não argumentei sobre os de direita, porque também acredito que você sabe que um cidadão de direita está preocupado com o capital e não o social, em resumo. E se não sabe, acredite, é o cúmulo do egoísmo. E olhe que eu não sou de esquerda! Nem de centro!)

Mas, mesmo que fossemos discutir agora sobre isso, só lhe pediria uma coisa meu/minha jovem. Pare e pense. Quer melhorar um pouco mais esta merdinha aqui? Então vamos nós dois, pelo menos. Tenha calma e não seja intolerante. Tenha principalmente calma. E se você for daqueles que anda de carro por ai com o som alto, mais calma ainda, quando te criticarem, ouça e aprenda, você pode estar errado.

E acredite mais ainda quando digo, você não sabe como foi difícil dar esta volta toda, correr atrás, só pra dizer que eu preciso de você para me sentir melhor. Não estou de joelhos aqui, mas se fosse necessário, o faria. É simples, acredite.