segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Superando a auto-destruição



É foda.
Nesse momento a única coisa que penso é até quando eu vou suportar todos os obstáculos que se têm passado em minha vida. Ou pior, se eu ainda vou conseguir passar por eles. Pedras e mais pedras, o tempo todo.
Se já não bastasse a minha adolescência conturbada (e se eu fosse narrar sobre ela eu teria que dividir esse texto em dois), eu ainda tenho que aturar a dificuldade de me manter constante nessa, teórica, fase de transição entre o carinha de 19 anos e a sua possível vida de adulto.
Eu não imagino, e nem quero, que minha mente e forma como vejo as coisas mude drasticamente. No atual momento eu realmente não quero virar outra pessoa. Pelo menos isso.
Mas na questão felicidade/bem estar, eu esperei (e continuo até hoje) por longos 6 anos por qualquer mudança. E, só pra variar, tudo pende para o pior lado. Fica cada vez mais evidente que o destino é o grande buraco-sem-fundo que está cada vez mais próximo.
Logicamente, não fui eu quem o construí. Mas é inevitável acreditar em outra coisa... Entra ano, sai ano, todos eles repletos de datas comemorativas e floreios que não me animam nem um pouco, e as coisas permanecem iguais. Ou piores, como é o caso atual.
Sempre me vi como uma pessoa sem sonhos. Um anseio aqui, um desejo forte ali, mas nada que possa se encaixar exatamente como sonho. Eu sempre achei isso estranho, mas por um lado até que isso era favorável, já que incrivelmente, no geral, eu não costumo alcançar um objetivo qualquer, ter um sonho seria muito penoso para mim.
Eis que acontece, milagrosamente, ou sacanamente, de ter algo do gênero. E vamos lá, mais uma vez chegar bem próximo do querido abismo.
Quando tinha 15 anos eu vivi a fase mais foda pra mim. Eu depois dos 16, 17, ficava imaginando como foi que eu consegui suportar aquilo tudo. Na época eu até tentei me jogar no buraco de vez, e as coisas estavam tão ruins que a melancolia se confundia com o bem estar, de tão acostumado que eu estava.
Hoje, parece que eu voltei no tempo e sinto a mesma, senão pior, coisa. Diferentemente, tudo se tornou insuportável e eu nem sei mas o que fazer. Antigamente eu escrevia simplesmente por me sentir melhor, mas hoje nem isso adianta.
Como eu disse ontem a uma pessoa. Sempre tive meio que essa reação natural aos problemas, fugir. As coisas parecem se solucionar quando elas não estão lá, ou quando você não está lá com elas. Escrever era mais ou menos assim... Tentar materializar no papel tudo que me aflige e mandá-lo para longe, ou, com a beleza das palavras, fazer parecer que no fundo no fundo, a tristeza tem um quê de poético.
A motivação acabou. E eu tento compreender porque que passo por tudo isso a tanto tempo. É estranho, porque pra tantas pessoas as coisas vêem tão fáceis e o menor desejo meu soa como uma utopia.
De tantas experiências frustrantes eu acabo por me deixar cair. Tenho essa dor de barriga constante que não me deixa descansar um segundo. As vezes eu nem espero mais nada do que quer que seja, já prevendo o fatídico solavanco que acontece constantemente.
Quando eu converso com alguém sobre não estar muito bem, sempre vêem com aquele discurso pré-fabricado da minha falta de otimismo. Mas é fácil, para quem consegue uns vinténs hora ou outra, falar para o pobre coitado que nunca teve, ou que quando tem os perde repentinamente, sem ao menos te-los gasto, que é preciso ter calma e pensar positivamente, pois “dias melhores estarão por vir” é a coisa mais fácil do mundo...
Cansei velho. Estou vendo a vida passar e ando tirando muitas poucas coisas boas dela. Acredito ter tido muita sorte em ter todos os sentidos em ordem (apesar de usar óculos), todos os membros e, até certo ponto, minhas faculdades mentais não estão comprometidas. Mas não quero ficar vivendo de esmolas.
Uma coisa que ultimamente eu tenho pensado, era sobre a obtenção dos objetivos em detrimento do merecimento. É até meio suspeito eu me elogiar, mas eu terei que fazê-lo para fundamentar o que disse. Por incrível que pareça, e mais uma vez, relacionando com os outros seres humanos, eu posso dizer que eu sou uma boa pessoa. Sim, eu realmente acho que sou.
Certo que algumas pessoas não me suportam por eu não obedecer algumas regras pré-estabelecidas ou por a minha falta de vergonha em dizer o que eu realmente acho. Outras acham que eu só faço as coisas para aparecer, tem também os que acham que eu sou idiota e por fim, os que não gostam por não gostar mesmo. Claro que devem haver outros motivos, mas os que eu consigo discernir são esses.
Ser uma boa pessoa, ao meu ver, seria um ponto a meu favor, ou pelo menos algo relacionado a isso. Mesmo ciente de que o universo está predisposto a desorganização, eu não consigo conceber que as coisas se dêem de maneira diferente. Pode parecer que eu estou querendo algo em troca do meu jeito de ser, e talvez até tenha algo a ver com isso, mas é que meu senso de justiça (se é que eu posso chamá-lo assim) me faz crer que se uma pessoa faz algo de bom, que mal há em ser feito algo para ela?
Obviamente que eu não sou assim para receber algo em troca, claro que não. Isso é minha essência. Mas pense comigo, porque que figuras completamente destrutivas, egoístas ou até virulentas conseguem sair-se tão bem consigo mesmas?
Abaixando um pouquinho a escala, as pessoas teoricamente normais, mas que só pensam em suas próprias vidas, porque que pra tantas delas quase não há dificuldade? E bem, porque que eu estou no mesmo caminho a anos, em diração ao nada?
Por fim, nem o sossego do sono tenho mais. Tento dormir a maior parte do tempo, já que pelo menos quando se está desacordado, minha mente descansa e eu não tenho que me afligir tanto com os conflitos já malhados de minha vidinha.
Até isso me dá trabalho, rolo na cama por horas e quando já estou desistindo o sono começa a vir. Alguma vezes dá até pra ver o sol nascer, mas nem isso me alegra mais. O restante do dia eu tento ficar o máximo possível de tempo na cama, e quando isso se torna insuportável eu começo a fazer o que quer que tenha.
E cá estou eu. Escrever não vai melhorar em nada as coisas. Nem o sono chegará por isso. Nem os que me odeiam deixarão de odiar-me. Nem os que eu gostaria que me amem me amarão. E pensar que se eu fosse mais egoísta as coisas possivelmente seriam diferentes.
È um preço alto que se paga por não se importar apenas consigo. Mas o foda mesmo é ter quase que certeza que até o fim dos dias eu serei assolado por esse mal estar. É um câncer em mim que destrói tudo, até os sonhos, e não me deixa em paz, como se eu fosse o merecedor supremo de todas as injúrias.
Talvez os meus fundamentos não tenham sentido algum, mas que eu ando me fudendo nessa história de existir, isso eu estou.
Fazer o que agora? Postar no blog, desligar o computador e começar mais uma longa batalha pelo sono. Pra depois, amanhã a noite, pensar comigo, suportei mais um dia, aleluia! A bela saga do viver de esmolas... Ficar aqui me contentado por existir, porque não faço idéia de como seria se não o fosse (talvez fosse melhor).
E para os que conseguem estar bem consigo mesmo. Parabéns, e agradeça todo dia por você não ser eu. Sinto, apesar de tudo, não querer ser outra pessoa, mas pra ser eu tem que ter uma coragem tão absurda que supera o pular de uma ponte.