sexta-feira, abril 14, 2006

Acabou. Game Over. Adeus.

Faz bem um tempo que não escrevo. Não que não tenha ficado triste o suficiente pra conseguir me entregar totalmente a um desabafo, pois sim, todos meus textos são desabafos, mas porque eu não tenho visto mais nenhum motivo pra fazê-lo.

Observe... Está virando um circulo vicioso. Parece que as coisas que escrevo se repetem sempre, parece que não sei escrever sobre outra coisa... ou, talvez, esteja enjoando de mim.

Tá, tá... eu não sou a melhor das pessoas pra falar sobre enjoar das coisas. não vejo muita graça em existir, em dar risada, em assistir um bom filme, conhecer uma garota, ou sei .

Existir, como eu falei, é uma coisa normal. Tão normal que eu nem consigo achá-la deslumbrante... Posso compará-la com estereótipos. Um exemplo bem gritante: existem pobres, ricos, medianos. Eu não me encaixo em nenhum deles. Não porque não tenha nada a ver, mas porque não quero (isso é um exemplo). Ok, eu não vou conseguir explicar isso. Burro! Burro!

Ah, acabei fugindo. O que queria falar era sobre existir. Porque existir, pra mim, não é algo deslumbrante. Existe um jeito fácil de explicar isso. Existem dois tipos de pessoas, as que gostam e as que não gostam de viver. Errado. Outra generalização... Existem 3 tipos: gostam, não gostam, indiferentes. O mundo não é sim ou não. Não mesmo.

Eu sou indiferente.. pra mim é normal. Enquanto pessoas se matam por não gostar (literalmente), ou por gostar (suportar varias coisas pra continuar existindo), eu simplesmente negligencio. Uma verdade universal, pelo menos no meu mundo. Vai morrer eu, você e todo o resto. E isso vai terminar quando realmente tudo acabar (a menos que exista o eterno retorno, alguma hora tudo isso vai voltar, quando o universo se recompor).

***

Universo se recompor: pense numa pulsação. Ela vai e volta. No meu mundo as coisas são assim, como um coração. Uma hora ele vai se contrair completamente ("fim/inicio") e depois ele vai ficar totalmente gordão, expandido ("meio"). A contração total é o fim da antiga expansão e inicio da nova expansão. Se o coração nunca parar, isso será um eterno retorno.

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E bem, o que diabos tem tudo isso a ver com eu não conseguir escrever? Bem, esqueça sobre eu não conseguir escrever. Se você está lendo até agora é porque não está tão chato continuar passando o olho por essa palavra que se estende sobre o papel. E, pra não ser sacana, eu consigo escrever. Minha mão desliza sobre a folha e eu não sei quando parar. (hahaha ... Mentira, eu sei sim...)

Como eu falei, escrevo quando estou muito triste. Observe, quando a tristeza acabar o texto acaba. ( pensou se eu escrevesse comédias? Você estaria rindo com minha desgraça - literalmente - literalmente? Trocadilho infame...)

Mas que seja, deixa eu pelo menos terminar o que falava quando dava exemplos: graça em existir, em dar risada, em assistir um bom filme, conhecer uma garota, ou sei .

Bem, dar risada é mais por sentir-se inútil quando a graça acaba. Vou dar o exemplo mais infame possível: Homens se masturbam (relaxe, ainda nem comecei...) e mulheres também - mas eu não sou mulher e não sei se isso acontece... Pois bem, no começo é legal e tal, aquela cócegazinha, aquele xixi que vem depois da ligeirada pra cima e pra baixo. Mas, depois de 18 anos nas costas isso é uma coisa horrível. Ridícula, horrível, deprimente. Você deve solucionar a charada com - sei, você se sente um idiota por não estar com uma garotinha no seu quarto, ahá! - Nada disso. Existem uma coisa chamada DPP. Depressão Pós Punheta. Eu não sei explicar, mas é horrível. Depois que a cócegas, a qual você está muito acostumado, passa, você se sente mal - Porra, pra que eu fui fazer isso? Tão em vão...

E bem, quanto a sorrir... se é que você lembra do que eu estava falando... tá, eu sei que está chato e você não quer chegar até o final (que nem eu sei onde é), mas pense, é minha tristeza que esta aqui.. você vai negligenciar minha tristeza assim tão descaradamente?

Sim! Sobre a inutilidade do riso. É a mesma coisa. DPR. Depois de rir muito eu me sinto ridículo... "Vai seu palhaço, ria de novo agora vá. Vai rir de novo seu idiota, cedo ou tarde vai ficar triste". Algo a ver com a inutilidade de existir? (cedo ou tarde você vai morrer), não sei. Talvez eu seja maluco... Pareço confuso?

Ah, bem lembrado. Quem disse que as coisas precisam ter lógica? Mas você vai dizer - Você é maluco mesmo, tava falando de lógica, então o que você fala da vida é mais sem lógica do que parece, que não precisa ter sentido em existir... - Oh, grande gênio da humanidade, eu não critico a lógica. Sequer critico pra falar a verdade. Existir e rir são duas coisas normais, porque eu deveria "endeusá-las"?

Então ser feliz é normal? Ser triste talvez? Ser normal é normal? Ser é normal? O que é normal?

Deixa eu pensar. Apesar de isso não ter nada a ver com o que eu comecei a escrever, vamos ver se eu respondo algo... No meu mundo, ninguém é feliz.

Me disseram uma vez - Felicidade cara, são jóias preciosas, você guarda elas e depois vai se nostalgiar, ou felicitar, com a beleza que elas têm. - Mais um caso típico de endeusamento. Ser feliz merece tanta atenção assim? Melhor, felicidade merece tanta importância? Talvez você pense: Cara, você é maluco mesmo.. por isso que você fica triste, porque você não da valor a felicidade.

AHA! AGORA SIM. Isso responde duas coisas: a inutilidade da vida e sobre ser feliz. Observe, a vida é sagrada (pra alguns). Felicidade então.. deve ser uma coisa absurda. Não acha? Diga se você consegue achar uma coisa mais importante que a felicidade... Endeusar a vida está no mesmo ritmo, é você comparar.

OK.. isso está ficando confuso. No meu mundo, o normal é estar, Ser é uma coisa absurda que todos querem. Querem ser bem sucedidos profissionalmente, socialmente, economicamente, pessoalmente quem sabe... Feliz, triste, normal. Tanto faz amigo leitor. Todos estão, ninguém é constante. O cara pode até ser bruto. Extrema felicidade -> Morte. Extrema Tristeza -> Morte. os normais sobrevivem. EU SOU NORMAL, AÊÊÊÊ!!!

Eu sou? Que maravilha saber disso.

Ai que merda. Acho que não sou não viu.. voltemos à tristeza profunda. Talvez essa teoria se aplique às pessoas que observo.

Eu não me observo... Eu mal me interesso por mim mesmo. Mal me interesso por minha vida... O que é um normal no meio de um monte de maluco? As vezes penso que sou eu. Talvez os outros estejam se matando por ai, eu sobrevivo, mas nem percebo a carnificina que rola do lado de fora.

Que seja. As outras duas comparações: Graça em assistir um filme e em conhecer uma garota, é a mesma relação com o riso e a existência. Coisas que acabam e que me deixam com cara de idiota porque elas simplesmente acabam ali, daquele jeito. Acorde seu normal. Game Over pra você. Acabou a diversão.

Pô, acho que é vazio. É isso! É exatamente o vazio que me chateia. Todas essas palavras que escrevi traduzem meu vazio. Em cada letra está um pouco de minha tristeza. Meu vazio. Meu nada que sempre me acompanha. Meu nada que me faz ser normal, quem sabe. Meu não motivo pra achar graça em tudo. Meu desmotivo para ver a graça num pôr-do-sol, uma graça suprema diria... um pôr-do-sol é bonito, convenhamos, mas porque não é uma coisa tão constante... Alias.. é constante. Acontece toda hora... Mas cara, aquele vermelho no céu, as nuvens vermelhas. Sim sim, é bonito mesmo. Supremo? Sagrado? é querer demais de mim. Mas, graça. Não não.. sinceramente não acho.

E claro, está aqui o relato de minha tristeza. Pouco mais de uma hora aqui, ouvindo Muse, pensando em algumas pessoas que gosto mas que não posso conversar. Pensando no meu futuro, pensando que vou me mudar dessa cidade grande. Pensando em quão inútil ficou esse texto.

Droga, ninguém vai ler isso. Alias, que nada a ver. Pra que eu estou escrevendo isso? Game Over pra você e pra mim. Acabou a diversão por aqui. Estou normal, ouvindo Muse. Sim, normal. Vou dar esse texto pra alguém. Alguém dirá. Triste, Feliz, Sim, Não. Sinto isso muito desprezível. Ninguém vai ficar tão triste como eu. Ninguém vai sentir o que senti. Opa. Não quero ter que escrever outro texto pra curar essa DPT. Ai droga... de novo não... Nunca mais escreverei de novo. Circulo vicioso.

Anderson Gomes Bastos